quarta-feira, 15 de abril de 2009

MENSAGEM DA CRUZ

As Profecias de Daniel e o Tempo do Fim

A Cruz de Jesus Cristo

Estudar o livro de Daniel tem sido excitante e foca nossa atenção para o tempo do fim. Para sobreviver aos problemáticos últimos dias, o povo de Deus deve ter vibrante relacionamento com Jesus e deve se sentir dependente do que Jesus lhes proveu na cruz. Daniel também nos dá uma das mais claras previsões da cruz do que qualquer profeta do Antigo Testamento.

A CENTRALIDADE DA CRUZ

1. Que profecia Daniel deu sobre o Messias e o que aconteceu a Ele nesta profecia? (Daniel 9:25-27)

“...desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém até ao ____________, ao príncipe, sete semanas, e sessenta e duas semanas...”

“...na metade da semana fará cessar o ______________ e a oferta...”

NOTA: Daniel previu a vinda de Jesus e o fim do sistema de sacrifícios pela morte de Jesus na cruz. A profecia aparece no meio do livro de Daniel e indica a centralidade da cruz de Cristo.

2. Quão central foi a cruz para os escritores do Novo Testamento? (Gálatas 6:14)

“...Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na ________ de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo...”

NOTA: A cruz foi o centro do pensamento dos escritores do Novo Testamento. Nos tempos bíblicos a cruz era o meio usado para punir os criminosos de morte. Por que glorificar a cruz? Porque a cruz foi a maneira escolhida por Deus para dar a redenção a humanidade perdida. Hoje, a cruz é um objeto venerado em muitas partes do mundo. Muitas vezes esquecemos seu lado feio, mas a cruz ainda deve ser o centro de nosso pensamento.

AS DOUTRINAS QUE CONFIRMAM A CRUZ

O inimigo sabe quão importante é a cruz para a fé cristã; portanto, ele nunca atacaria a cruz abertamente. Ele trabalha incansavelmente na introdução de teorias e doutrinas que se aceitas anulariam a suficiência do sacrifício de Jesus na cruz e gostaria que pensássemos que não podemos ir ao céu parecendo estar separados de Jesus. Enquanto isso, a mensagem de Deus para os últimos dias, restaura a verdade de que ela confirma a cruz de Jesus, mostrando que o homem não pode ser salvo por si mesmo, mas precisa de Jesus. No sistema de Satanás, o foco é a exaltação própria e a santificação pelas obras do homem. No sistema de Deus, o foco é Cristocêntrico e salvação pela graça, e a santificação pela graça como um presente de Deus.

3. Qual destas doutrinas confirma a cruz de Jesus: A Teoria da Evolução ou da Criação?

A teoria da evolução ensina que toda a vida começou com um organismo unicelular, se desenvolveu para duas células, quatro células, etc., e evoluiu em milhões de anos até que os seres humanos vieram a existir. Isto é um princípio da progressão da humanidade separada de Deus. Se as pessoas evoluíram naturalmente, não precisam da cruz de Jesus, então essas pessoas podem se deixar levar por si mesmas e resolver seus próprios problemas.

A teoria da criação ensina que surgimos da mão do Criador perfeito, nos humilhando e desesperadamente precisando da cruz e do relacionamento com Jesus para afastar-nos do pecado e restaurar-nos de um estado perdido. As pessoas precisam de Jesus, isto é salvação pela graça. Ensina que fomos criados de uma nobre herança a imagem de Deus e que nosso futuro está nas mãos de um amável Salvador e que podemos ter uma vida correta agora.

4. Qual destas doutrinas confirma a cruz de Jesus: uma vida independente de Deus ou uma vida somente pelo relacionamento com Jesus?

A vida independente de Deus coloca o homem em pecaminosa rebelião negando a existência de Deus, Sua soberania e Seu poder. Ao negar que Deus existe, que nos criou, e que nossos desejos estão acima de tudo, criamos uma lei para nós, nos tornamos nosso próprio “deus” e juiz. O inimigo está feliz por ignorarmos Deus, Seu clamor e poder para mudar nossa vida que está pronto para nos ser dado livre e generosamente. Ignorando isso, nos tornamos escravizados pelas paixões do mundo, resultando em nossa destruição (I João 2:15-17).

A vida pelo relacionamento com Jesus, reconhece Deus, como nosso Criador, Mantenedor, Juiz e Salvador, resultará a nós um propósito total de vida fora de nosso imediatismo próprio e confirmará a cruz de Jesus. Reconhecendo nossa vida somente em Jesus, ela terá um verdadeiro significado, propósito e felicidade para a vida aqui e no céu por toda a eternidade.

5. Qual destas doutrinas confirma a cruz de Jesus: uma lei escrita e abandonada ou uma lei eterna que reflete o caráter de Deus?

Uma lei escrita e abandonada. O inimigo quer que acreditemos, que os Dez Mandamentos foram abolidos, que não mais precisamos guardá-los, desta forma, não existiria pecado, não haveria razão para Jesus morrer e nos salvar do pecado. A Bíblia diz: “pecado é a transgressão da lei” (1 João 3:4). Esta doutrina destrói a necessidade do sacrifício de Jesus na cruz.

Uma lei eterna que reflete o caráter de Deus, mostra que se não houvesse lei, não existiria pecado e nem pecadores. Alguém que segue a lei não pode se salvar porque não tem poder suficiente para guardar a lei, por isso precisa do poder de Jesus. A doutrina que confirma a lei de Deus enfatiza salvação e santificação pela graça, enquanto a doutrina que elimina a lei faz pessoas responsáveis por si próprias e despreza a necessidade de Deus, Sua graça e da cruz.

6. Qual destas doutrinas confirma a cruz: guardar o sétimo dia – o sábado ou substituí-lo por qualquer outro dia?

O sábado, o 7° dia é o memorial de Deus e de Sua criação, redenção e grande dom para a humanidade: um tempo reservado para ter com Ele um especial relacionamento. Bilhões de dólares são gastos para ganhar tempos preciosos, e Deus nos dá ele de graça. Somos tão importantes para Deus que Ele prepara um tempo particular a cada semana em Sua escala só para entrarmos diretamente em um relacionamento especial com Ele. Guardando o 7° dia, reconhecemos Jesus como Criador, O reconhecemos como nossa Autoridade, como Doador da Lei e como nosso Redentor.

Substituindo o sábado por outro dia da semana, estaríamos negando Sua obra de Criador, Sua autoridade como Doador da Lei e Sua obra final sobre a cruz como nosso Redentor.

A CRUZ DE JESUS

A cruz é o ponto central da fé cristã. Temos certeza que confirmamos Jesus e a cruz, pela aceitação de suas verdades. Perceba agora os eventos do Calvário, como nosso Salvador se portou através de Seu grande sacrifício para assegurar nossa redenção na cruz do Calvário.

7. Que oração Jesus fez no Jardim do Getsemani? (Mateus 26:39, 42)

“...todavia, não seja como Eu __________, e sim como Tu ___________...”

NOTA: Foi no Jardim do Getsemani que Jesus fez a oração de submissão. Ele agonizou com Deus, suou gotas de sangue (Lucas 22:44). Foi tentado a deixar o mundo sozinho e voltar ao Pai. Mas assegurou nossa redenção, orou e então, os pecados do mundo inteiro foram colocados sobre Seus ombros, se tornando pecado para a raça humana.

8. Como Judas traiu o Filho de Deus? (Mateus 26:48, 49)

“...Ora, o traidor lhes tinha dado este sinal: Aquele a quem eu ________, é esse; prendei-o. E logo, aproximando-se de Jesus disse: Salve, Mestre! E o _________...”

NOTA: Quando Jesus saiu do jardim, os soldados e a multidão vieram, e Judas O traiu, beijando-O. Jesus foi preso, levado a julgamento de Caifás, e escarnecido pelas pessoas. Alguns foram contratados à mentir e testemunhar contra Ele. Condenando-O, os líderes não foram capazes de cumprir a sentença, e O levaram à Pilatos para assegurar sua condenação.

9. Como Jesus respondeu quando estava diante de Pilatos? (Mateus 27:12-14)

“...E, sendo acusado pelos principais sacerdotes e pelos anciãos, ________ respondeu...”

“...Jesus não respondeu nem uma ___________; vindo com isto a ________________ grandemente o governador...”

NOTA: Ali estava Jesus, falsamente acusado, falsamente condenado, em perfeito controle. Jesus tinha sido provado no Getsemani, tentado, uma noite sem dormir. Seus nervos deviam estar em frangalhos, ainda assim permaneceu com perfeita compostura e calma.

10. Que escolha Pilatos propôs a multidão e qual foi a escolha dela? (Mateus 27:15-22)

”...A quem quereis que eu vos solte? A ________________ ou a Jesus, chamado Cristo?…”

“…Responderam eles: ________________...”

NOTA: A maioria das pessoas que iam ao templo pediu que Barrabás fosse libertado e Jesus fosse crucificado. Muitas pessoas tomam suas decisões religiosas baseadas no que a maioria faz. Não podemos basear nossa religião na opinião da maioria.

11. O que Pilatos respondeu ao pedido de crucificação de Jesus? E o que fez depois? (Mateus 27:24 e 31)

“...mandando vir água, _________ as mãos perante o povo, dizendo: Estou ______________ do sangue deste (Justo); fique o caso convosco...”

“...Então, Pilatos lhes soltou Barrabás; e, após haver ________________ a Jesus, _________________ para ser __________________...”

NOTA: Pilatos sabia que Jesus era inocente, acusado e condenado falsamente, mas temeu a multidão. Viu que Jesus era Justo, mas lavou suas mãos. Muitos são como Pilatos, admitem o que é certo, o que está na Bíblia, mas nem assim seguem a Bíblia. Pilatos não pediu para o povo seguir Jesus, mas sim O crucificar. Lavou suas mãos, mas entregou Jesus para ser crucificado. Da mesma forma, se alguém não decide seguir a Jesus, ele decide crucificá-Lo.

12. O que Pilatos disse a multidão quando trouxeram Jesus novamente? (João 19:5)

“...Saiu, pois, Jesus trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Disse-lhes Pilatos: Eis o ____________...”

NOTA: Veja o Homem e como carrega aquela cruz pesada de madeira pesando 100 libras até o Monte Gólgota acima. Veja como O colocam sobre a cruz e cravam Suas mãos e pés no madeiro. Veja como levantam a cruz naquele lugar, chacoalhando Suas feridas nas mãos e pés. A cruz era construída de tal forma que quando a pessoa era pendurada contra ela, cada junta de seu corpo era deslocada, causando a mais terrível dor. Muitos sobre ela deliravam e os soldados subiam a cruz e cortavam suas línguas para eles parassem de amaldiçoar.

13. O que Jesus orou enquanto estava na cruz? (Lucas 23:34 e Marcos 15:34)

”...Pai, ______________; porque não sabem o que fazem...”

“…Deus meu, Deus meu, por que me _______________________?”

NOTA: Abandonado por Deus? Sim. Jesus sobre a cruz tinha se tornado pecado para a raça humana. Portanto o Pai Se separou do Filho assim como Jesus Se desviou do curso de Deus pelo pecado assumido por Ele. Não foi o sofrimento físico, mas a angústia mental que Ele tomou quando assumiu a morte no lugar dos pecadores que O mataram.

MINHA DECISÃO: Senhor Deus, reconheço que preciso de Jesus, de Seu sacrifício na cruz pelo qual posso ser salvo.

AAssinatura:________________________ Data: _____________

A ESSÊNCIA DO EVANGELHO "A CRUZ"

quinta-feira, 9 de abril de 2009

EVOLUÇÃO X CRIAÇÃO

Criação e evolução

Isaac Epstein

O criacionismo e o evolucionismo são duas propostas contraditórias que dizem respeito à ocorrência temporal de um fenômeno: a origem do homem. A primeira, criacionista radical, adotada pela teologia judaico-cristã, foi expressa com surpreendente precisão pelo bispo anglicano de Armagh, Usher, no final do século XVII, que decidiu, baseado em textos bíblicos, que o mundo tinha sido criado precisamente no ano 4004 AC, juntamente com todas as espécies tal como existem atualmente. A segunda, o evolucionismo, adotada pela ciência, propõe que o universo surgiu há cerca de mais ou menos 13 bilhões de anos atrás, a vida em nosso planeta, com suas formas mais primitivas de organismos unicelulares, há cerca de 3.5 bilhões de anos.

Desde então, até a atualidade, através de inumeráveis transformações e algumas extinções em massa, chegamos a cerca de 30 milhões de espécies de seres vivos, apesar de, até o momento, apenas 1.5 milhão terem sido descritas. Mais impressionante que este número de espécies existentes, é que estes 30 milhões de espécies atualmente existentes representam apenas cerca de 0.1% das espécies que existiram na Terra. Isto significa que cerca de 99.9% de todas as espécies que habitaram o globo foram extintas.

Apoiando o criacionismo radical está a fé religiosa que é baseada nos textos bíblicos. O evolucionismo é apoiado em evidências cosmológicas, geológicas, arqueológicas e antropológicas. Sua negação envolve a recusa em aceitar uma boa parte das ciências naturais, principalmente as descrições da história do planeta e da vida.

Quanto à origem das espécies e do homem em particular, todos os processos de avaliação da idade dos fósseis tanto animais como do próprio homem e de seus precursores mais imediatos apontam números totalmente incompatíveis com os fixados pelos textos religiosos.

O quadro da evolução biológica da transformação das espécies por geração de variedade e seleção por aptidão à sobrevivência, inaugurada por Darwin, apresenta alguns pontos obscuros ou ainda não totalmente absorvidos pela teoria da evolução, mas é geralmente aceito em suas linhas gerais pela totalidade dos cientistas.

Na tentativa de amenizar o hiato entre o tempo da criação bíblica e a imagem fornecida pela ciência, o criacionismo compreende atualmente uma certa variedade de crenças deslizando desde a interpretação literal da Bíblia até um criacionismo progressivo, criacionismo contínuo, evolucionismo teista, etc.

O anti-evolucionismno é mais ativo entre grupos do sul dos Estados Unidos. Henry M.Morris antigo professor universitário e um grupo de criacionista organizaram em 1963 a 'Sociedade para a Investigação da Criação'. Em 1972 fundou o Creation Research uma instituição privada não lucrativa cujo objetivo original é publicar literatura criacionista e fazer campanha nas escolas públicas a favor das interpretações bíblicas da origem do homem. Este movimento está ligado a grupos religiosos e politicamente se situa entre os mais conservadores.

Não acreditamos que, do ponto de vista da ciência, o criacionismo mereça mais do que uma breve menção não sendo suas razões capazes de abalar o edifício das crenças científicas e das evidências a favor do evolucionismo. A teoria evolucionista naturaliza o homem fazendo-o parte imanente e contingente de um processo mais amplo e global. O criacionismo lhe atribui uma origem transcendental e necessária através do sopro da vontade divina. Assim o evolucionismo explica a origem do homem de "baixo para cima" a partir de formas menos complexas e o criacionismo de "cima para baixo" através do ato divino.

Esta polêmica, a nosso ver anacrônica do ponto de vista da ciência adquire, não obstante, uma coloração específica e atual quando transportada para a origem da vida social, dos valores e da ética das sociedades humanas. A ética, em geral tem sido definida como a ciência da conduta. Como tal, sua natureza foi atribuída a normas religiosas reveladas, na especulação filosófica, à razão prática, sendo reservada à ciência positiva a sua descrição empírica nas diversas sociedades. Em contraposição à sua origem de "cima para baixo" dois autores, entre outros, Nietzsche e Freud, justificaram, cada um a seu modo, a naturalização da ética, postularando a sua "genealogia" de "baixo para cima".

Ora atualmente um movimento científico a sociobiologia que é uma disciplina que consiste no estudo científico da base biológica de todas as formas de comportamento social em todos os tipos de organismos, inclusive o homem" recoloca a antiga polêmica em outros termos. Na disputa secular entre a natureza e a cultura (Nature or Culture) como agentes determinantes do comportamento social, disputa esta muitas vezes exacerbada por matizes ideológicos, a sociobiologia pende para uma posição definida: a própria organização social dos seres humanos seria uma conseqüência das pressões dos mecanismos darwinianos de seleção natural. Tal como os insetos e muitos animais o comportamento social do homem teria sido, originalmente, sua resposta evolutiva às pressões existentes no nicho ecológico em que atua.

Eis que, novamente se tenta naturalizar setores tradicionalmente geridos pelo saber filosófico ou religioso. Serão então nossos mais caros valores, como o altruísmo, e a solidariedade não atributos exclusivos da espécie humana, mas compartilhado por outras espécies?

O altruísmo, por exemplo, que considera, como o fim da conduta humana, o interesse do próximo e se resume nos imperativos: "Viva para outrem", ou "Ama o próximo mais que a ti mesmo", sempre desafiou uma explicação "naturalista". O próprio termo altruísmo tem ocorrido mais freqüentemente nos textos religiosos ou literários do que nos discursos das ciências humanas. Valorizado em diversas religiões, chega a atribuir uma aura de santidade a seus portadores infatigáveis.

Nas últimas décadas, no entanto, o altruísmo tem tido duas entradas no campo das ciências do comportamento: a primeira se refere a estudos de etologia e comportamento animal; a segunda a uma situação típica, quase um paralogismo, referente a uma situação descrita pela teoria de jogos e denominada de Dilema do prisioneiro.

Quanto ao comportamento animal, o altruísmo pode ser considerado como um comportamento auto destrutivo tendo como objetivo o benefício de outrem. Esta auto destruição pode variar em intensidade desde o total sacrifício da vida até uma diminuição da aptidão corporal.

O desempenho altruísta, apesar de contrário ao que se poderia esperar pela teoria darwiniana da evolução biológica, tem sido verificado em várias circunstâncias. O paradoxo do altruísmo animal deriva da simples pergunta: "Como pode um gene se perpetuar se provoca o suicídio de seu fenótipo portador?" A preocupação com este e outros tipos aparentemente anômalos de comportamentos conduziu ao desenvolvimento de uma nova fase no estudo da evolução do comportamento: um casamento entre a etologia e a genética populacional.

O interesse pelo estudo do altruísmo animal, inserido na nova disciplina da sociobiologia, indaga sobre uma possível origem filogenética do altruísmo humano.

Na disputa entre a natureza e cultura (Nature or Culture) como fatores dominantes no comportamento humano e que tem tomado um colorido ideológico, a sociobiologia, toma uma posição definida: a própria socialização do homem seria uma das conseqüências das pressões dos mecanismos darwinianos de seleção natural sobre as variedades geradas aleatoriamente.

Boa parte das informações básica da sociobiologia se originou da etologia, que consiste no estudo dos padrões globais de comportamento dos organismos em condições naturais. Com base na ecologia e na genética, a sociobiologia estuda, ao nível das populações, como os grupos sociais se adaptam ao ambiente através da evolução. Toda a forma viva pode, então ser vista como uma experiência evolutiva, um produto de milhões de anos de interação entre os genes e o ambiente. Em suma, a tese central da sociobiologia é que quando a vida social se tornou vantajosa para a sobrevivência, a seleção natural favoreceu os genes favoráveis a este comportamento.

Possivelmente quando não só o mapa, mas também os desempenhos dinâmicos do genoma humano forem decifrados, a disputa biologicistas x culturalistas poderá ter uma expressão mais científica e menos ideológica.

Terá o altruísmo humano um componente de origem filogenética? É uma das teses da sociobiologia, ou pelo menos uma hipótese a ser investigada independentemente de sua conotação ideológica.

Por muito tempo os biólogos, particularmente os não familiarizados com a genética, explicaram a evolução do comportamento, tal como o da abelha que deixa o seu ferrão no intruso à colméia embora com isto decretando sua própria morte, porque este comportamento embora fatal ao indivíduo, favoreceria a espécie. Em verdade é o contrário o que ocorre: se um gene favorece um indivíduo, ele se estabelece embora possa reduzir, em longo prazo, a sobrevivência da espécie.

A explicação para esta aparente incongruência é que, em verdade, o indivíduo altruísta, embora desaparecendo, contribui para a sobrevivência de outros indivíduos seus "parentes" que participam de sua carga genética. Isto explica também o ato altruísta dos progenitores, que em geral, na maioria das espécies superiores, sacrificam parte de seu potencial individual para a sobrevivência em favor de seus filhotes. Entre outras estratégias de proteção altruísta, podem fingir um ferimento para distrair o predador. Este fato prevê também que o altruísmo e o comportamento cooperativo é mais freqüente entre indivíduos que mantêm um laço de parentesco do que entre indivíduos estranhos. Desta forma os genes comuns aos parentes são preservados.

Um outro tipo de comportamento cooperativo ocorre entre macacos babuínos. Quando dois machos, A e B, disputam uma fêmea, um deles, B pode solicitar a ajuda de um terceiro C, com um sinal de cabeça facilmente reconhecível. Se a ação deste último facilita a vitória de B que vantagem C obtém? A explicação mais convincente é que este tipo de comportamento altruísta entre indivíduos não parentes, é a reciprocidade. C ganha a possibilidade de ser ajudado por B num futuro confronto.

A dificuldade com esta explicação é que ela não prevê a recusa ou "ingratidão" futura de B prestar ajuda a C quando solicitado. Parece, no entanto, que os padrões de comportamento evoluíram de tal forma que os animais ajudam apenas os indivíduos que os ajudaram o que implica no seu reconhecimento.

Recentemente alguns pesquisadores mostraram, mediante modelos matemáticos, que a cooperação pode se desenvolver mesmo entre indivíduos sem parentesco e que jamais terão a oportunidade de se reencontrar para devolver a ajuda recebida. Nestes casos assume-se que dois organismos têm pouca probabilidade de se reencontrar. O indivíduo não espera a ajuda recíproca de quem ajudou no passado, mas de um terceiro. Mas para esta reciprocidade indireta ocorrer é necessário imaginar que os indivíduos observam outros do grupo lhes atribuindo "pontos" imaginários.

Este conceito de reciprocidade indireta tem inspirado alguns autores para traçar um paralelo com a evolução dos sistemas morais nas sociedades humanas.

A própria luta ritual (geralmente por sexo), sem prejuízos demasiadamente graves para o perdedor e que ocorre em muitas espécies, e evita escaladas potencialmente fatais, consiste em estratégias desenvolvidas e selecionadas no decurso da evolução que ao mesmo tempo que facilitam o cruzamento dos machos mais aptos, protegem os mais débeis da destruição.

Os torneios simulados em computador da situação denominada de Dilema do prisioneiro, permitem observar como mecanismos artificialmente construídos de geração de variedade aleatória e seleção permitem observar o aparecimento de comportamentos cooperativos a partir de situações de jogo aparentemente de soma-zero .

A idéia matriz, tanto do estudo do altruísmo animal, como das simulações mencionadas, é explicar o aparecimento da cooperação a partir de interações administradas pelo egoísmo dos indivíduos.

A sociobiologia apresenta alguma evidência empírica a favor da idéia da origem de "baixo para cima" de alguns traços valorizados da ética humana. Com isto, de algum modo, traz para o campo da pesquisa científica, se bem que em outro registro, alguns aspectos da obsoleta polêmica entre a criação e a evolução.

Isaac Epstein é professor do Labjor/Unicamp e da Universidade Metodista de São Bernardo do Campo.

Notas

Os cientistas falam em cinco grandes extinções das espécies ocorridas num passado geológico distante. A primeira há cerca de 440 milhões de anos atrás; a segunda há cerca de 365 milhões de anos; a terceira, a maior de todas, responsável pela extinção de cerca de 98% de todas as espécies existentes, há cerca de 250 milhões de anos; a quarta há cerca de 205 milhões de anos; a quinta ocorreu há cerca de 65 milhões de anos É a mais famosa porque significou a extinção dos dinossauros que dominaram o planeta por cerca de 140 milhões de anos. Uma de suas conseqüências foi ter aberto a possibilidade da subseqüente ascensão dos mamíferos, até então reduzidos a espécies de pequenas dimensões. Alguns cientistas acreditam estarmos vivendo a sexta extinção em massa, agora provocada pelo próprio homem. Calcula-se que cerca de cerca de dois terços de todas as espécies de aves, mamíferos e plantas serão extintos dentro de um século. (voltar)

EVOLUÇÃO X CRIAÇÃO